Breve Apresentação da Sede do Governo

Localizada na Avenida da Praia Grande, a Sede do Governo é um conjunto arquitectónico constituído por cinco corpos: o Palácio Protocolar e os dois blocos do Edifício Administrativo da Sede do Governo, que comunicam entre si através de um jardim, o Edifício da Direcção dos Serviços para os Assuntos da Sede do Governo e os escritórios da Travessa do Paiva em  anexo, ocupando uma área aproximada de oito mil e novecentos metros quadrados.

Construído em 1849, o Palácio Protocolar foi adquirido em 1881 pelo então governador de Macau para servir como residência oficial, tendo posteriormente passado à sua função de gabinete de trabalho de sucessivos governadores de Macau.  Com o estabelecimento do Governo da Região Administrativa Especial de Macau, passou por obras de remodelação que lhe atribuíram o aspecto actual.

O Palácio Protocolar apresenta uma fachada em estilo europeu e o interior decorado à base da fusão de elementos chineses e ocidentais e da junção de elementos modernos e clássicos.  No piso térreo funcionam uma sala de reuniões para o Conselho Executivo, a Sala Polivalente e a Sala de Lótus, entre outros, enquanto o piso superior acolhe o Gabinete do Chefe do Executivo e as três salas Verde, Amarela e Azul.  Destina-se, pois, a ser essencialmente utilizado pelo Chefe do Executivo e pelos Secretários do Governo para audiências e reuniões.

Com frente para a Rua de S. Lourenço, está o bloco frontal do Edifício Administrativo da Sede do Governo, composto de sete pisos.  Entre este e o Palácio Protocolar, desenvolve-se uma construção de vidro, composta de quatro pisos, que é o bloco posterior do mesmo edifício. Seguem-se, paralelamente na Rua da Imprensa Nacional, o Edifício da Direcção dos Serviços para os Assuntos da Sede do Governo e, na esquina com a Travessa do Paiva, uma outra construção amarela de seis pisos onde funcionam escritórios complementares da Sede do Governo.

Aqui têm lugar reuniões de maior dimensão, sendo que a vasta funcionalidade do espaço permite uma variedade de eventos, tais como conferências de imprensa, divulgação de informação, colóquios e assinatura de contratos oficiais.  Com o tempo, tornou-se igualmente o espaço habitual onde o Chefe do Executivo ou os secretários recebem grupos mais numerosos e onde os atletas, representantes da Região Administrativa Especial de Macau apresentam cumprimentos de despedida ao Chefe do Executivo, antes da partida para participação em competições desportivas.

Outrora instalações privativas da Assembleia Legislativa, passou à função de Sala Polivalente com a remodelação da Sede do Governo aquando do estabelecimento da Região Administrativa Especial de Macau, estando apetrechada com um conjunto avançado de facilidades para reuniões.  É aqui, também, que se realizam reuniões importantes entre o Governo e entidades nacionais e estrangeiras.

É nesta sala que o Chefe do Executivo convoca a conferência de imprensa, abrindo espaço para que os jornalistas façam perguntas sobre as Linhas de Acção Governativa, pelo menos uma vez por ano e logo após a apresentação das mesmas à Assembleia Legislativa.  E, é também nesta sala que o porta-voz do Conselho Executivo organiza regularmente os seus encontros com a imprensa.

Aqui o Chefe do Executivo recebe as visitas.  O tecto é alegoricamente decorado com a flor de lótus, elemento central da bandeira e do emblema regionais, que dá o nome à sala. Com menos lugares sentados, constitui o sítio ideal para encontro com delegações e grupos menos numerosos, complementando a espaçosa Sala Verde onde, normalmente, são recebidos os convidados e as visitas oficiais. É  também nesta sala que se efectua a gravação por vídeo do discurso do Chefe do Executivo, tendo em vista a sua participação online em fóruns ou actividades importantes realizados em regiões vizinhas.

Aqui as comitivas e os jornalistas aguardam enquanto os convidados e o Chefe do Executivo se reúnem.  O mobiliário de pau-preto aqui patente foi encomendado na Província de Guangdong no final da Dinastia Manchú e começo da República.  São obras originais que aliam o estilo europeu às características chinesas.  A superfície em madeira é revestida de laca crua de Fujian que lhe atribui lustro e durabilidade.

A mesa redonda, em destaque no centro do Salão Nobre, apresenta um tampo com mármore embutido proveniente de Dali-Yunnan, excelente em termos de estética e durabilidade, e sustém-se por uma coluna a terminar em três pés, estrutura tipicamente ocidental.  O bordo da mesa apresenta um embutido rinceaux (arabescos decorativos com motivos florais) então em voga no Ocidente, combinando com imagens de veado que na China simbolizam a Honra (Riqueza e Nobreza).  Na coluna estão esculpidos desenhos de veado e peónia , igualmente símbolos de Riqueza e a Nobreza.  Com efeito, na concepção predomina o estilo ocidental, com recurso a matéria-prima e técnicas típicas do mobiliário de Guangdong, a par de motivos chineses.

A acompanhar a mesa redonda encontram-se quatro bancos chineses com os bordos percorridos por girassóis.  As superfícies dos assentos são em mármore embutido, mais frescos no Verão, e aconchegados com coxins para maior conforto no Inverno. Sustentados por pernas curvas inspiradas no mobiliário ocidental, rematadas por cabeça de fera (aldrava que se prende aos portões das residências de autoridades governamentais) e terminadas em garras de leão, símbolos do poder nos contextos chinês e ocidental respectivamente, compõem um conjunto não só representativo do poder como também característico do intercâmbio cultural entre a China e o Ocidente.

Ao fundo do Salão Nobre estão duas consolas, de estilo ocidental pela sua estrutura, funcionalidade e acabamentos em rinceaux, com um toque chinês que se nota nos motivos tradicionais florais nas faces frontal e lateral e nos motivos de girassol nos cantos, formando assim um par de móveis decorativos onde características chinesas e ocidentais se juntam em perfeita harmonia.

Nos dois lados do Salão Nobre encontra-se um conjunto de cadeiras palacianas do estilo Guangdong que remonta aos finais da Dinastia Manchú e o começo da República, composto por oito cadeiras com apoio para pés e quatro mesas de chá, todas ornamentadas com madrepérolas, destacando a sumptuosidade.  Os espaldares, braços e assentos das cadeiras têm embutidos em mármore de Yunnan, proporcionando-lhes a frescura durante o Verão.  Os mármores dos espaldares e braços apresentam um efeito "nuvens e montes", típico do método "shui-mo" (água e tinta) da pintura tradicional chinesa, reflectindo a elegância de todo o conjunto.

As cadeiras são essencialmente ornamentadas com motivos escareados, e nos espaldares madrepérolas embutidas sugerindo os Oito Imortais do Taoísmo (mais precisamente os tesouros que levam consigo), denotando assim o afastamento de influências nefastas.  À parte, ornatos arqueados "ruyi", com caracteres chineses "shou" em madrepérola e rematados por desenhos de morcego, invocam a Felicidade, a Longevidade e o Êxito.  Os braços, ainda, apresentam desenhos de pêssego e cabaça (homónimo de Felicidade e Honra em mandarim, rica em sementes, que com o pêssego juntos representam também a Felicidade, a Honra, a Longevidade e a Fertilidade).

As mesinhas para o serviço de chá, por sua vez, apresentam pêssegos em madrepérola, ornatos arqueados "ruyi" com caracteres chineses "shou" também em madrepérola e desenhos de goiaba, juntos indicando também a Felicidade, a Longevidade, o Êxito e a Fertilidade.

Todo o conjunto de mobiliário palaciano em pau-preto, composto por oito cadeiras e quatro mesas de chá, constitui um exemplo bem representativo do tradicional estilo cantonês com as suas várias particularidades simbólicas: auspicioso, magnificência, elegância, funcionalidade e durabilidade.

Aqui o Chefe do Executivo recebe os convidados de honra e as delegações em visita à Região Administrativa Especial de Macau.  Na parte superior da parede à direita está colocada a fotografia de uma faixa com inscrição “Criação duma Nova Era de Macau” que, escrita pelo antigo Presidente do País Jiang Zemin em 18 de Dezembro de 1999, véspera do Retorno de Macau à Pátria, significa a entrada de Macau numa nova era de prosperidade e estabilidade logo após o seu retorno à Pátria. Toda a decoração é composta por mobiliário contemporâneo.  Seguindo a prática protocolar, à direita do emblema regional está o lugar do Chefe do Executivo, seguindo-se os lugares das autoridades governamentais da Região Administrativa Especial de Macau em primeira linha e dos intérpretes, escriturários e demais colaboradores na segunda fila.  À esquerda, encontram-se os lugares do chefe de delegação e respectiva comitiva na primeira fila e respectivos colaboradores na segunda fila.

Aqui realizam-se cerimónias importantes como as tomadas de posse e a assinatura de pactos e contratos.  O móvel mais marcante, aqui, é uma mesa redonda chinesa de grande dimensão, apoiada sobre seis pernas e complementada por cadeiras esculpidas com motivos de dragão, cuja estrutura e modelo constituem um bom exemplo de mobiliário de pau-preto de Guangdong.  Salvo o tampo da mesa e os assentos das cadeiras, que são polidos, todas as superficies foram escareadas ou esculpidas, na mais rica e elaborada versão do mobiliário cantonês, com custos elevadíssimos na sua execução que remonta aos finais da Dinastia Manchú e começo da República.

O mobiliário da Sala Amarela reflecte a imponência das cerimónias administrativas que aqui se realizam: a grande mesa redonda é a peça sobre a qual se firmam contratos e pactos e tem como ornamento principal os motivos de dragão e peixe-transformando-em-dragão simbolizando o Poder, enquanto os cachaços das seis colunas de apoio são decorados com motivos de peónia simbolizando a Riqueza e a Nobreza.

As cadeiras que complementam a mesa redonda são embutidas com motivos de dragão e garras de leão como símbolo do Poder, apresentando-se nas laterais desenhos de cabaça em alegoria à Felicidade e à Honra.  Os espaldares longos, por sua vez, possuem círculos com panoramas de peixe nadando no meio de flores de lótus, significando a passagem de cada ano na abundância, o que não deixa de corresponder também ao desejo do Governo no âmbito financeiro.

Aqui habitualmente têm lugar as reuniões.  Esta comunica com a Sala Amarela através de portas largas que eventualmente se abrem durante cerimónias solenes.

A Sala Azul possui nas paredes azulejos monocromos portugueses e sobre o soalho um tapete azul, acentuando a dignidade e a elegância exigidas para os eventos protocolares.  O mobiliário inclui vários conjuntos de consolas e aparadores, complementados por cadeiras, cuja característica principal reside nos pés em garras de leão do estilo ocidental combinando com rinceaux, compondo assim uma série uniformizada de mesas, aparadores e cadeiras.  Sobre os móveis estão colocados várias taças decorativas de cerâmica chinesa, sendo que uma grande terrina de porcelana policroma pintada em Macau em tempos contemporâneos e um par de potes em azul e branco vêm inserir um certo toque oriental dentro do estilo ocidental da Sala Azul.

O jardim da Sede do Governo é composto por duas partes: o jardim nas traseiras do Palácio Protocolar e o jardim lateral do Palácio Protocolar.

O jardim nas traseiras é pavimentado por mosaicos portugueses, com um pequeno lago artificial no centro donde irradiam motivos concêntricos.  O jardim prolonga-se pela lateral do edifício, donde se destaca uma barreira de trepadeira que separa o depósito de ferramentas de jardinagem, mantendo a coerência paisagística.

Ao descer pelo jardim das traseiras, passando por canteiros, escadarias e relvados, encontramos um plano simétrico, definido por um eixo horizontal de palmeiras reais e outro vertical de viveiros de peixes e de lótus que se comunicam entre si.